Presente em evento do do Lide Brasília, senador defende a importância da construção de uma nova alternativa para 2026
As eleições de 2026 estiveram no centro do almoço-debate do Lide Brasília com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do Progressistas. Presidido pelo empresário, ex-senador e ex-governador Paulo Octávio, o Lide Brasília reuniu nesta terça-feira (6/5) mais de 200 empresários e parlamentares, na residência de Fernando Cavalcanti, presidente do NW Group. E logo na apresentação do palestrante foi feito o primeiro manifesto em defesa de uma participação maior do empresariado nas questões nacionais. “Nos pronunciamentos feitos na criação da Federação União Progressistas, uma coisa me chamou a atenção, que foi o seguinte recado: menos Estado e mais trabalho, menos Estado e mais liberalismo, menos Estado e mais incentivo ao setor produtivo”, destacou Paulo Octávio.
“Está chegando o momento de o setor produtivo brasileiro criar um projeto de Brasil. Nós estamos muito omissos, por isso é importante a presença de vocês no Lide, em outras entidades, federações e associações, porque estamos apáticos. É importante criar um projeto grandioso de Brasil, que não seja de um partido político ou candidato, mas de país. Por isso, quero clamar para que as entidades empresariais aqui presentes se reúnam mais, conversem mais, participem mais, discutam mais. O Brasil vive um momento sem rumo. A gente não sabe para onde vai, e isso é muito triste. É chegado o momento de nós apresentarmos o Brasil que queremos”, disse, pedindo ainda o fim da omissão.
Na sequência, o governador Ibaneis Rocha seguiu no mesmo tom crítico. “Eu acho que estamos com tudo para colocar esse país de novo no rumo certo, mas precisamos da união, como disse o Paulo, de toda a classe empresarial, porque ela é que tem que ter seus representantes no Congresso e no governo, para que a gente consiga realmente exercer a política com P maiúsculo, não essa política rasteira, de perseguição, de vaias, de xingamentos, como nós ouvimos essa semana a deplorável frase do governador da Bahia, em relação ao presidente Bolsonaro e seus eleitores”, afirmou.
Ibaneis também citou um outro político histórico do Piauí, o ex-governador Mão Santa. “Eu não tenho medo de falar, porque nascer e morrer e votar no PT, como diz o velho Mão Santa, só se faz uma vez. Todas as vezes que eles assumiram, eles fizeram muito mal ao país. Eles não têm projeto, não têm articulação, não gostam de empresários e a grande maioria nunca assinou uma carteira de trabalho. Nós temos que mudar essa vida política desse país, porque o país já não aguenta mais tanto sofrimento”, acrescentou. “Eu espero que os empresários tenham esse entendimento também, de que esse tipo de política tem feito muito mal ao país”, completou, citando ainda o aumentando da base da arrecadação do DF, obtido sem aumentar tributos.
“O momento político de Brasília na sequência de governadores da esquerda, depois de Agnelo e Rollemberg, era o pior possível. Brasília estava destroçada, e nós tivemos que fazer um trabalho de recuperação. O Ciro acreditou desde aquele momento dessa campanha, que ao final, ao lado de Celina e de outros políticos aqui, se mostrou vitoriosa, e tem, graças a Deus, dado certo aqui para todos, não só para os empresários, mas também para aqueles que mais precisam”, finalizou.
Projeto de centro-direita
Em sua palestra, o senador Ciro Nogueira seguiu na mesma linha crítica. “Eu acho que a encruzilhada que o nosso país se encontra hoje não permite que nenhum homem público, empresário, empreendedor ou cidadão se omita a partir de agora”, destacou. “Fiquei no auge da minha carreira quando o presidente Bolsonaro confiou em mim a tarefa de dirigir o seu ministério mais importante, a Casa Civil, em um momento muito difícil da vida pública nacional, de muitos conflitos. Todos acompanharam aquela eleição tão disputada. Quando terminou aquela eleição, achei que já tinha cumprido meu papel”, destacou.
“Na minha cabeça, o presidente Lula que assumiria e seria um presidente que ia unificar o Brasil. Eu fui contra o Lula, mas pelo que eu conhecia dele, ele agir como o Mandela fez na África do Sul. Não fez. O Lula de hoje é muito diferente do Lula que eu apoiei lá atrás, que veio para combater a fome e a miséria e conseguiu fazer isso naquele momento. O Lula que nós vemos hoje é um homem que só olha para trás, ressentido, isolado e que não foi capaz de enfrentar o atual momento”, avaliou.
Ciro Nogueira comparou Lula a Getúlio Vargas, destacando um anacronismo histórico nos dois. “Eu comparo às vezes, separando um pouco as identidades. Eu considero que o Brasil teve quatro grandes líderes populares: Getúlio, Juscelino, Lula e Bolsonaro. E o Getúlio daquele tempo também voltou e não deveria ter voltado. Porque voltou um homem fora do seu tempo, que se comunicava pelo rádio. E terminou como terminou, porque não estava antenado com o momento que ele estava vivendo naquela época. Mais ou menos como o Lula de hoje, que é capaz de tentar se comunicar com a população através de redes de rádio e televisão. É um homem completamente isolado que não tem um celular”, destacou.
Classificando-se como um liberal, o senador descartou pautas de costumes ou armas, a existência de bancos estatais. “Nós venderíamos isso tudo para fazer um grande fundo soberano para investir na nossa infraestrutura, na nossa capacitação. E assim os países que fizeram algo semelhante, deram certo. E não tem outro caminho. Não existe nenhum país que tenha um viés de implementar as práticas de esquerda que deu certo no mundo. E o nosso país não vai ser diferente. Acho que temos o desafio enorme de unificar as forças de centro e da direita para ter um único projeto. Escolher o que é melhor, tanto o candidato a presidente como o candidato a vice, e fazer um projeto de longo prazo e pelo menos pensar o nosso país pelos próximos 30, 40 anos. Porque o atual quadro político, e eu me incluo nisso aí, fracassou”, definiu. “E não adianta dizer que foi um problema da esquerda, da direita, não. Porque nós tivemos nos últimos 40 anos governo de esquerda e de direita de centro. Mas fracassamos”, complementou.
Por fim, ele sugeriu uma unidade entre os rivais na eleição passada. “Não se pode fazer nenhum projeto político no Brasil sem a participação de Lula e Bolsonaro. Não tem como. Qualquer candidato que o Bolsonaro apoia já sai com mais de 30% e fatalmente vai haver essa disputa no próximo ano, com 30% na esquerda e 30% na direita, mas temos 40% no centro e esse recado foi dado muito claramente nas eleições do ano passado, em que 80% dos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores têm esse perfil de centro. As pessoas deram esse recado, mas nós temos que unificar alguém que seja capaz de pensar o nosso país pelos próximos 40 anos”, analisou.
Foto: Celso Júnior/Divulgação